quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O melhor dia até agora!

Quinta-feira, 28/01

Acordei muito mal hoje. Meu estômago doía muito e eu me sentia tonta. Contudo, isso não era desculpa para ficar me lamentando em casa, pois tinha um compromisso inadiável: as crianças da ONG iam receber colchões novos e algumas outras coisas doadas pelos canadenses do Sleeping Children Around the World (SCAW).

Convidei a Sandra para ir comigo à entrega das doações e ela prontamente aceitou. Às 9h o secretário da ONG passou em nosso flat de caminhão, com todos os pequenos na caçamba. Eles estavam todos muito empolgados com o dia que teriam pela frente.

Chegamos ao local quase às 10h, descemos as crianças da caçamba e elas seguiram em fila indiana (entendeu o trocadilho?) até o local onde receberiam o crachá com seus nomes.

O presidente do Rotary Kharagpur, que estava auxiliando o evento, nos viu e logo nos chamou para conhecer as pessoas do SCAW. Eram dois casais de canadenses muito simpáticos, que nos explicaram como funciona seu sistema de trabalho.

Eles arrecadam doações de gente de todo o mundo, em dólares, e compram colchões, mudas de roupa, sapatos, mochilas, cobertores, guarda-chuvas, material escolar e outras coisas necessárias, dependendo do país das crianças. Então, os pequenos são vestidos com suas roupas novas, posicionados atrás de um expositor com tudo que ganharam e uma foto é tirada, com o nome do doador em uma plaquinha. Este registro é enviado ao doador meio que dizendo “olha o que fizemos com o seu dinheiro”.

É um trabalho muito legal e eles nos contaram que já estiveram nas Filipinas, Honduras, Bangladesh, Nicarágua e vários países da África. Ainda mnos garantiram que todo dólar doado é repassado para as crianças.

Pedi como poderia ajudar e eles me disseram para ir auxiliar a vestir as crianças menores, que não conseguiam se arrumar sozinhas. Passei a manhã inteira vestindo meninos e meninas felizes com suas coisas novas! É um sentimento tão gratificante ver aquelas crianças felizes, que eu queria passar o dia todo ali.

Havia cerca de 500 crianças para serem atendidas no turno da manhã e quando a última criança da nossa ONG pegou seu lanche, nos despedimos do pessoal do Canadá, carregamos os colchões novos até o caminhão, junto às crianças sorridentes e satisfeitas, e fomos embora.

Demos às crianças umas maçãs que havíamos comprado em Calcutá e fomos para o flat tomar banho para ir ao campus, pois eu precisava acessar a internet a fim de obter umas informações para adicioná-las na apresentação de amanhã – sim, amanhã tem apresentação do meu projeto de novo, em outra faculdade!

Ainda na biblioteca, recebemos nosso aparelho de internet móvel funcionando novamente!

Saímos da biblioteca e fomos encontrar o pessoal do Knuts, um canal de web alternativo que o pessoal aqui inventou para passar o tempo e descontrair em época de exames. Haviam marcado uma entrevista conosco na noite anterior, e lá fomos nós, Sandra e eu, para falar sobre nossa experiência indiana e sobre nossos países de origem.

Fomos entrevistadas por dois meninos, Hímen, da AIESEC e Aquiles. Sentadas em cadeiras de rodinhas e sem cenário algum, filmaram nossa entrevista, que durou cerca de meia hora. Fizeram diversas perguntas, desde a essência de nossos projetos até o que sentíamos mais falta do nosso país. No meio da entrevista, eles me perguntaram se eu não gostaria de apresentar um programa para eles, o que aumentaria sua audiência. Perguntei quanto eles me pagariam e eles responderam: “mil sorrisos”. Então eu disse: “troco por uma ducha quente”. No fim, eles me convenceram a apresentar um programa para eles. Quero só ver no que vai dar!

Já era 19h quando saímos do “estúdio”. Os quatro meninos e uma menina que produzem o Knuts nos convidaram a ir ao Tikka’s comer alguma coisa. Eu não queria ir, porque me sentia muito mal do estômago, mas eles insistiram muito e acabamos indo.

Comi um egg roll, nos despedimos e fomos embora. Paramos no Tech Market para comprar Tylenol e experimentamos um doce regional. Também comprei um casaco preto, daquele modelo canguru, com o símbolo do IIT Kharagpur.

Voltamos para o flat, felizes com nossa internet e nosso dia maravilhoso. Minha única preocupação é que amanhã vou ganhar uma bicicleta para facilitar minha locomoção. Eu nem sei se consigo andar de bicicleta mais!

Refletindo, acho que entendi o sentido de Carma: você faz pelos outros, não espera nada em troca e recebe em felicidade própria. Câmbio justo.

3 comentários:

  1. Não consigo não rir do Hímen, HAHAHAHA!!!!!

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  2. Veja bem..."O Melhor Dia Até Agora" começa com "Acordei muito mal hoje" e termina com um tufão de maturidade no conceito de Carma...
    Magnífico!!!!!!!!!!!!!!
    Só nos damos conta que a coisa é séria quando paramos de rir do Hímem indiano...

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  3. Oi guria... adorei descobrir teu blog, vc escreve muito bem mesmo.. me levou às lágrimas com a "saudade" e me fez rir muito em vários momentos.

    Estou escrevendo pra dizer que o teu crscimento e amadurecimento é visível para quem está te acompanhando, a cada dia aí, transmites para teus leitores que a menina Vanessa "nossa estagiária da TV Câmara" desabrochou e está se transformando em uma mulher consciente das dificuldades que o mundo enfrenta.

    Grande beijo e parabéns pela coragem!!!

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