03, 04 e 05 de janeiro
Domingo, dia 03, à 01h01min da madrugada, eu saí da rodoviária da pequena Santa Maria (RS) rumo a três vôos extremamente cansativos e à realização de um desafio pessoal: morar em um lugar cuja cultura é oposto à minha. Com despedidas que não acabavam mais, subi para o ônibus com aquele aperto no coração por deixar família, namorado e a comodidade da minha casa para trás.
Do aeroporto, em Porto Alegre , peguei um vôo tranquilo de quase duas horas para São Paulo e esperei quase oito horas para embarcar para Frankfurt, na Alemanha. Cerca de 15 horas mais tarde, cheguei no imenso aeroporto alemão na hora de embarcar para Calcutá. Foi uma correria até o meu terminal, mas consegui pegar o vôo de oito horas para a Índia e sentir um pouquinho de neve no rosto.
O último vôo, sem dúvida o mais cansativo e interessante de todos, durou oito horas. Eu estava tão cansada de toda a viagem até agora e só queria dormir! Claro que havia nada menos que três bebês que não pararam de chorar desde a decolagem até o pouso.
Contudo, estar acordada me proporcionou uma das visões mais bonitas que eu já vi. Da janela do avião, vi o sol se por, mas de uma maneira diferente: não vi o sol. Na medida em que avançava para o Oriente do planeta, o sol simplesmente sumiu, deixando o céu com tons de laranja, roxo, até cair naquele azul da noite.
Até então todas as refeições que eu fiz nos aviões haviam sido ocidentais. Até que na janta da segunda-feira a aeromoça perguntou (em inglês): ocidental ou indiana? Sem hesitar, respondi “indiana”. Acho que eu queria começar a experimentar um pouco da vida no país em que estava chegando. Resultado? Na hora que coloquei o arroz com batatas, mergulhadas em uma espécie de molho vermelho, descobri que o vermelho era de pimenta. Pimenta pura. Não teve jeito. Comi só as frutas.
Desci em Calcutá, às 01h da manhã de terça-feira, em um aeroporto que considerei bastante organizado. Passei na Receita Federal sem problemas, tive que assinar um termo dizendo que eu não tinha o vírus H1N1 (!) e comprei algumas rúpias. Troquei 200 dólares por mais de 8.000 rúpias e acho que é o suficiente para passar o mês. Corri para a cabine telefônica e liguei para o celular da Lua (minha amiga vietnamita que vai dividir um apartamento comigo na Índia), para a minha mãe e para o meu namorado. As três chamadas (duas delas internacionais para celular) custaram 160 rúpias. Nem dez reais!
Saí do aeroporto e a Lua e seu amigo indiano, Mallick, estavam me esperando do lado de fora. Eles haviam alugado um carro para nos levar até a casa do Mallick, onde passaríamos a noite para ir até Kharagpur, já que não é muito seguro viajar de trem à noite. Os dois são muito legais! Ele quer abdicar de sua cultura para casar com ela, mas ela, por enquanto, não quer.
Eu só queria tomar um banho e ir dormir, depois de tanto viajar. E então, veio o primeiro choque cultural. No banheiro, tinha um chuveiro de água fria, sem box, e um balde embaixo. Aí a Lua esquentou água e me deu, para eu misturar até uma temperatura agradável. Me virei e consegui tomar um banho. Então sentamos na sala e eu mostrei a eles fotos da minha família e amigos. Às 4h30min da manhã (mais ou menos 9h20min no Brasil) deitei na cama para dormir. Os dois acharam que eu precisava descansar e dormiram em um colchão na sala. Dormi no quarto sozinha, em uma cama dura... era um pedaço de madeira com um colchonete em cima.
Embora os dois tenham sido muito bons comigo, não dá para deixar de se sentir sozinha. Especialmente quando se deita à noite! Mas consegui pegar no sono quando o dia já estava quase claro.
Acordei às 11h, com o barulho intenso da cidade e comecei a me ajeitar. Mallik pediu o almoço de um restaurante e eu pedi uma massa com molho de queijo. Me ofereci para pagar quando a entrega chegou, já que ele havia pago tudo desde que cheguei, e ele disse que assim eu o estava ofendendo! A massa era cheia de temperos fortes, com azeitonas, pimenta, pimentão, cebola, alho e um tempero que eu não consegui distinguir.
Agora à tarde Lua e eu vamos para nossa casa! Estou louca para chegar lá, conhecer e começar a trabalhar.
Pelo começo dessa jornada, acho que não vai ser fácil me adaptar, mas a Lua diz que é prá eu aproveitar porque o tempo passa muiiito rápido!Vamos ver.
já tava começando a me preocupar com a sua 'não atualização' hehe
ResponderExcluirli o último post e me lembrei de um comentário que a minha irmã fazia quando alguma coisa saía fora do planejado: tudo é crescimento.
tá, talvez a gente 'sofra' com algumas situações, mas é meio 'confortante' pensar assim hehe
bem, de qualquer jeito, to sentindo muuuita saudade! (e acho que escrevi algumas besteiras aqui pq to com sono haha)
De certa forma, é muito bom saber que o tempo passa "muito rápido". Quem está a sua espera, agradece!
ResponderExcluirVanessa, força e coragem! Apesar da frase ser batida, vale a pena ressaltar: "Vai dar tudo certo!"
beijos e boa sorte em tudo que vc se propor a fazer!
Estamos torcendo por vc....
Um forte abraço,
Dai Köhler
Eu comentei antes mas a bocaberta não viu que precisava de autenticação. Sabe, aquelas letras qeu mostram que tu não é spam... Enfim, eu só disse que acho que esse tempero que tu fala é Curry. É muito usado na comida indiana e eu gosto bastante. Não sei, pode ser outra coisa que eu nunca tenha ouvido falar, vai saber...
ResponderExcluirEu te disse que tua volta será com uma perspectiva completamente diferente, tu vai dar valor às coisas que eu não dou e que tu não dava; como uma casa limpa e um chuveiro com água quente. Fica bem! Beijos