Quinta-feira, 06 de janeiro
Acho que o final do post anterior foi meio (bastante) dramático. Ainda mais porque continuo sem internet, a não ser aqui, na biblioteca do campus. Mas acredito que amanhã conseguiremos o aparelho para ligar a internet.
É incrível como o tempo passa devagar aqui! Acredito que é porque eu não esteja fazendo nada ainda, mas amanhã, sexta, eu começo a trabalhar.
Hoje, a faxineira chegou às 6h30min da manhã para limpar (mal e porcamente) o apartamento. Não tínhamos nenhum instrumento de limpeza na casa e tivemos que pedir emprestado da vizinha. Ela subiu e começou a limpar, andando acocorada pelos cômodos. Eu nunca tinha visto alguém tão miúdo se mover tão rápido daquela maneira dentro de uma vastidão de sarees. Combinamos com a faxineira, através de um tradutor, que ela viria todos os dias às 8h30min.
Quando ela terminou de limpar o quarto, às 7h e alguns minutos, voltamos a dormir. A Lua pegou no sono muito rápido, mas eu demorei a dormir por causa da claridade do quarto e do barulho dos vizinhos gritando. Quando estava pegando no sono, às 10h30min, meu telefone indiano tocou e um menino da AIESEC me disse para estar às 11h30min que ele viria me buscar para eu conhecer o professor que coordena o projeto no qual eu vou trabalhar. Levantei correndo para tomar banho, mas os mecânicos estavam consertando o tanque para termos água, o que significava outro banho de lencinhos umedecidos para bebês. Ajeitei-me, acordei a Lua para ela ir junto ao campus, comi uma bergamota e esperamos o menino chegar.
O encontro com o professor foi um pouco estranho e frustrante (como tudo por aqui), especialmente porque ele falava um pouco de inglês misturado com hindu e não se dirigia a mim. Ele decidiu que eu trabalharia aos sábados e em alguns dias da semana, por isso, nos dias livres, trabalharia em uma ONG aqui perto do Instituto, com crianças doentes, que precisa muito de ajuda. Acredito que vai ser muito legal esta experiência inesperada, mas lutei contra o trabalho aos sábados, nos quais eu pretendia conhecer lugares e viajar.
Depois do encontro com o professor, fomos até a biblioteca acessar a internet, mas não tive tempo de ver e responder tudo, pois o tempo restante da bateria do notebook deu somente para postar minhas histórias neste blog. Precisávamos comprar algumas coisas no mercado, mas descobrimos que, aqui, o mercado abre pelas 9h, fecha às 13h e reabre de novo às 17h para fechar às 21h. Então, tomamos um café com muffin (safety food, como o Felipe, a Lua e eu chamamos comidas não-indianas) e nos perdemos pelo campus (literalmente). Vimos as várias casas e prédios que abrigam os professores, funcionários, alunos, salas de aula e laboratórios do Instituto. O campus aqui é imenso, é um dos maiores da Índia e tem várias ruas asfaltadas, onde passam milhares de alunos de bicicleta.
Lua e eu voltamos para casa a fim de tomar banho, mas a água estava saindo empoeirada da torneira. Achei que eu não ia saber lidar com outro dia sem banho, mas agüentei numa boa os lenços umedecidos e me ajeitei para irmos ao campus comprar materiais de limpeza e procurar nossos aparelhos da internet.
Além dos produtos de limpeza, compramos pão, queijo e facas (não achamos garfos para vender) para fazer nossa janta em casa, já que nós duas tememos a comida daqui. Também compramos mais Cup Noodles para refeições futuras.
Tomamos um café com o pessoal da AIESEC e aproveitei um tempo para conversar com o intercambista chileno e praticar o meu espanhol – que, convenhamos, está péssimo!
Lua e eu voltamos para casa pelas 20h30min e preparamos nossa janta: sanduíche de peixe. Isso mesmo, a Lua trouxe de casa uma comida típica do Vietnã: peixe desfiado e desidratado. E eu sei que parece péssimo, mas é muito bom! Acho que viver aqui está me deixando menos exigente.
Aliás, menos exigente que estou, enchi o balde de água fria, agora um pouco menos suja, fervi e tomei um banho antes de dormir.
Amanhã vou até a ONG conhecer o trabalho lá e ver como será o meu trabalho. Assim que der, posto mais novidades aqui. Quando conseguir minha internet móvel, eu coloco as fotos no Orkut, embora eu ache que ninguém vai acreditar que eu estou conseguindo viver aqui.
Fato estranho I: hoje, a esposa do senhorio perguntou de que país da Europa eu era. Eu disse que não era européia, mas brasileira. Ela respondeu "mas como? você parece uma boneca!". Eu agradeci e ri, mas ela fecou a cara. Talvez estivesse me tratando bem até então porque pensou que eu fosse italiana ou algo do gênero.
Fato estranho II: hoje eu me dei conta que eles só usam aqueles chinelos tipo Raider por aqui. Se está frio, usa com meia. Vi pouca gente de tênis até agora.
Capítulo final
Há 14 anos
Ainda bem que teu cabelo é bom e pouco, imagina alguém de cabelo ruim e cheio tendo que tomar banho de balde. Ew! Por que vcs não tentam conseguir um fogareiro ou coisa parecida pra fazer comida?
ResponderExcluirOutra coisa, essa comunida vietnamita tem jeito de ruim ein. Acho que é a exigência desaparecendo mesmo :P
Ah, tô louca pra ver as fotos e não acreditar que a Vanessoca esteja vivendo ali. Beijos
Hahaha passei pela mesma situacao da "boneca", identica mesmo, aqui na Alemanha... estranho, mas naquele momento me senti mais brasileira do que nunca! Guenta firme, vai dar tudo certo, esse tipo de experiencia é aprendizado pra vida toda!! Bjo linda!
ResponderExcluirBah,só em ler a última linha do 10º parágrafo já valeu toda leitura e,com certeza,valerá um tanto da tua viagem.
ResponderExcluirBjossss.Amo tu!!!
Tio passando de preocupado a mais orgulhoso.
Vanessa, querida! Lembrarás com muita saudade de tudo isso! Aproveita tudo, inclusive o seu "eu interior", porque certamente voltarás outra Vanessa!
ResponderExcluirVou seguir acompanhando o blog e as fotos!
Um beijo grande
Jana
Segue firme nessa luta contra a cultura Indiana, que logo vai se transformar em rotina e tu vais se adaptar. Daí, quando tu estiveres em Santa Maria, vai lembrar de cada segundo que passou aí e com certeza alguma coisa vai mudar para ti!
ResponderExcluirBeijos e força
Adriano
Vanessa querida,estou orgulhosa de você e adorando saber um pouco mais da Índia, com a visão de uma jornalista gaúcha escrevendo sobre a vida como ela é. Beijos. Martha Marchesan
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