quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Arrastando o saree no mercado

Hoje, quarta-feira (6) foi um dia muito difícil. Acordei às 9h e estava louca para tomar um banho. Já que não havia um banheiro limpo aqui, meu banho de terça-feira foi feito com lenços umedecidos.

A faxineira não veio para limpar e eu estava me sentindo muito mal, porque aqui é tudo muito empoeirado e sujo. O querido e delicado Rahul, da AIESEC, veio nos buscar em casa para que fossemos ao mercado comprar o que estivesse nos faltando. O mercado fica dentro do campus e é uma espécie de aglomerado de lojinhas pequenas, feiras de frutas e vegetais e crianças mendigando, onde se encontra de tudo um pouco. Lá, compramos um balde para tomarmos banho (!), uma lixeira, veneno para mosquitos, pratos, copos, talheres, uma panela e uma bacia. Também comprei um celular e um chip daqui para fazer ligações mais baratas para o Brasil.

Mas o pior ainda estava por vir. Voltamos para casa e não havia água saindo das torneiras, na descarga do sanitário ou do chuveiro frio. O senhorio disse que a água devia voltar pela tarde. Então almocei uma bergamota (ainda não me arrisco com a comida daqui) e fui dormir mais um pouco, porque o trabalho ainda não começou.

Quando eu acordei, pelas 16h30min ainda não havia água, e era só no nosso prédio – onde moramos só nós duas.

Tentamos de tudo e a água não vinha. Eu me sentia tão frustrada com tudo que, instintivamente, deitei e comecei a chorar. A Lua, adaptada a situações como estas (ela chegou uma semana antes de mim), chamou o senhorio e todo mundo veio tentar fazer a água funcionar. Nada. Nem uma gota. Desesperada, eu comecei a chorar de novo porque estava suja, com fome e sem perspectiva de melhora.

A vizinha, uma menina de 17 anos, me chamou e disse que poderíamos tomar banho em sua casa. Lá fui eu, com meu balde rosa na mão, cheio com frascos de shampoo e condicionador, sabonete, desodorante e toalhas e minhas roupas limpas na mochila. Ela ferveu a água, colocou no banheiro e disse para eu demorar o quanto precisasse.

Já imaginou o que é lavar o cabelo em um balde? Nem eu. Tive que improvisar. Na dificuldade, abri o chuveiro, mesmo que estivesse fazendo 10ºC em Kharagpur e nem pensei duas vezes ao colocar a cabeça embaixo da água gelada. Terminei o banho, agradeci a menina e voltei para “casa”, no momento em que meu celular indiano resolveu começar a funcionar.

Liguei para o Brasil, sequei meus cabelos e saí com a Lua para comprar umas frutas no mercado. Isso já era 19h30m. Compramos frutas e encontramos um pessoal da AIESEC para tomar um café, então fomos para casa.

Ainda sem água, esquentamos água mineral, jantamos Cup Noodles, nos escovamos com água mineral e fomos dormir. Quer dizer, a Lua foi dormir. Eu fiquei aqui escrevendo.

Agora eu me sinto um pouco melhor, porque estou lendo um livro (que ganhei da mãe do Adriano) chamado "A arte da Felicidade". Tem me ajudado a compreender algumas coisas e a me sentir menos sozinha =)

Para ser sincera, não sei o que esperar de amanhã. Eu sei que, custe o que custar, eu vou dar um jeito de comprar o aparelho da internet. Sem água, sem banho quente e com o que sobrou da minha dignidade.

5 comentários:

  1. Nossa O.O
    Não sei nem o que comentar. Boa sorte ai sis, não desiste.. daqui a uns tempos tu te acustuma com essa cultura.
    Beeeijos, te amamos. Nathi

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  2. Prefiro pensar que estás passando por uma experiência magnífica e,com certeza,única.
    Tira proveito de tudo isso...
    Se não tens água, pelo menos tens as bergamotas...
    Te amamosssssssss.Bjão. Tio orgulhoso!!!

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  3. Dá-lhe colega, que barra hein!
    Com certeza tu vai rir muito disso tudo que tu tá passando...e quem vê até parece que era muito limpinha aqui no Brasil!ahahahaha
    Fiquei super triste de não ter conseguido te dar um abraço de boa viagem guria, mas tô torcendo para que essa experiência seja magnífica pra ti.
    "Temo" acompanhando a tua saga de perto, beleza.
    Qualquer coisa é só prender o grito...um grande abraço la niña, e se a falta d'água persistir apela pro Ganges. Beijão do colega eternamente off.

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  4. Isso, compra o aparelho da internet. Falar com o pessoal tbm ajuda na saudade e banho gelado faz bem pra pele, pro cabelo.. hehehe =/ Qualquer coisa, pode me mandar email pra "chorar as pitangas". Beijos

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  5. Aguenta!
    Te adoro e se tu aaguentar até o fim, não terás limites!
    (sem mentira, sério!)

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